Grande assalto que ficou na história de Macau amanhã completa 20 anos

 


Amanhã, completa-se 20 anos do assalto que teve uma das maiores repercussões da história do Rio Grande do Norte pela ousadia e violência que marcaram a ação. Foi no início da tarde de 4 de junho do ano de 2002 que a quadrilha liderada por José Valdetário Benevides e Francimar Fernandes Carneiro invadiu a terra das salinas. 

“Foi coisa de cinema,”, relatou o comerciante Marcos Antônio da Silva. O roteiro não deixa que a declaração de Marcos seja inexata. Três agências bancárias da cidade – Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal – foram invadidas simultaneamente e o dinheiro, levado. Estima-se que mais de R$ 800 mil tenha sido roubado das instituições financeiras. A ousadia ganhou marcas de violência, quando uma viatura ocupada por dois delegados da Polícia Civil, um agente e um sargento da Polícia Militar cruzou o caminho do bando.

Com mais de 15 integrantes, a quadrilha tomou a entrada da cidade e, armados com fuzis, metralhadoras e pistolas, possuía sentinelas nas esquinas próximas às agências bancárias – que ficam perto entre si. A viatura era conduzida pelo delegado Róbson Luiz de Medeiros Lira; no banco do passageiro vinha o delegado regional Antônio Teixeira dos Santos Júnior. A rajada de tiros disparada por um dos assaltantes pegou ambos de surpresa e tirou imediatamente a vida de Róbson, ainda deixando Teixeira ferido no braço e no rosto.

“Eles saíam das agências com sacos de dinheiro. Eles dominaram isso aqui todinho”, disse o comerciante Marcos, ele que possui o ponto de venda de lanches há vários anos e não se esquece de nenhum detalhe do que assistiu há 20 anos. “Fiquei escondido atrás dos cocos aqui. De repente chegou uma pessoa aqui batendo na janela. Era o vigilante que tinha sido feito refém e tinha vindo pegar água para os bandidos”, afirmou. 

O gerente do Banco do Brasil e o segurança da agência foram levados no carro do bando após o assalto e abandonados pouco tempo depois. Apesar da ocorrência ter sido registrada há 20 anos, o caso ainda traz calafrios para muitos moradores da capital do sal. Um deles, que prefere ter a identidade preservada, ainda hoje é traumatizado. “Não gosto nem de lembrar. Só vou ao banco quando realmente é necessário. Se tivesse que definir aquele dia em uma palavra, seria ‘terror’”.

Vinte anos após o registro de um dos assaltos de maior repercussão do Estado, o interior do Rio Grande do Norte permanece vulnerável. Devido a poucas melhorias realizadas, hoje, quadrilhas se arriscam com menor intensidade em ataques a bancos e outros tipos de crime. A criminalidade, no entanto, tem se moldado com base nas falhas do policiamento e investigação. Em vez dos antigos e recorrentes assaltos e invasões de cofres bancários, atualmente os alvos são terminais eletrônicos. Durante o ano de 2021 e 2022, por exemplo, foram diversos ataques com utilização de explosivos ou maçaricos para explodir caixas e alcançar a quantia de dinheiro.

Valdetário. Durante muitos anos, esse nome representou a sofisticação da criminalidade e a instituição da ousadia no Rio Grande do Norte. O famigerado assaltante construiu “fama”e a justificou com seguidos episódios de envergonhar as autoridades da segurança pública no Estado. Assaltar três bancos simultaneamente, em uma ocorrência que terminou com um delegado assassinado, foi apenas um dos “feitos”de Valdetário e da quadrilha composta por membros da família Carneiro. A lista conta ainda com uma fuga cinematográfica ocorrida na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, quando Valdetário foi resgatado por homens armados que atacaram as guaritas e permitiram a sua liberdade. Além de assaltos no RN, a quadrilha liderada por Valdetário foi apontada como responsável por crimes na Paraíba, Ceará e Piauí. O bandido mais procurado do Estado, foi morto no município de Lucrécia no dia 10 de dezembro de 2003, durante uma ação policial, ele foi cercado e alvejado por 13 tiros.

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