O ex-deputado federal e ex-ministro Henrique Eduardo Alves está planejando um retorno às disputas eleitorais. Afastado das urnas desde 2014, quando concorreu ao Governo do Rio Grande do Norte – perdendo para Robinson Faria –, o político pretende voltar a ser candidato nas eleições de 2022, apesar das ações que ainda responde na Justiça por corrupção.
Considerado um dos políticos mais hábeis do Estado, tendo influência sobre diversas lideranças do interior, apesar do desgaste gerado pela sua prisão em 2017, Henrique tem 72 anos, mas continua disposto a voltar a concorrer a um mandato. Na bagagem, ele conta com 11 mandatos de deputado federal, incluindo uma passagem pela presidência da Câmara dos Deputados entre 2013 e 2015. Durante décadas, Henrique Alves comandou o MDB no Estado. Na época, o partido ainda era chamado de PMDB.
Com sua saída dos holofotes e perda de mandato após a derrota em 2014, ele perdeu espaço e prestígio para o primo Walter Alves, que herdou o mandato da família na Câmara dos Deputados e hoje comanda o MDB no RN. Na prática, porém, o ex-ministro dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer ficou longe de largar a política. Mesmo sem mandato e sem a presidência do maior partido do RN, Henrique continuou participando das articulações na política do Rio Grande do Norte e em Brasília.
Em 2016, por exemplo, foi um dos principais responsáveis pela indicação de Álvaro Dias para ser vice-prefeito na chapa do prefeito eleito naquele ano em Natal, Carlos Eduardo Alves. Dois anos depois, Álvaro viria a assumir a prefeitura da capital potiguar de forma definitiva, com a renúncia de Carlos Eduardo para disputar o Governo do Estado – a vitoriosa foi Fátima Bezerra. Além disso, Henrique Alves continuou mantendo contato com as lideranças nacionais do MDB e com os principais expoentes do Congresso Nacional.
Em junho de 2017, o ex-ministro sofreu um forte baque. Foi alvo da Operação Manus, que investiga supostos desvios na construção da Arena das Dunas, e da Operação Sépsis, que apura irregularidades no Fundo de Financiamento do FGTS, da Caixa. Na ocasião, Henrique foi preso preventivamente. Ele só deixou a prisão quase um ano depois (em maio de 2018), tendo de cumprir ainda mais dois meses de recolhimento domiciliar.
A liberação definitiva só aconteceu em julho. Ele responde em liberdade. Os processos seguem em tramitação. Sem impedimento legal Fontes ouvidas apontam que, atualmente, apesar dos processos continuarem em andamento, não há impedimento legal para que Henrique Alves seja candidato em 2022.
A despeito de responder a processos na Justiça por suspeita de envolvimento em corrupção, o ex-deputado potiguar ainda não tem condenação em 2ª instância – o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa e, portanto, o impediria de ser candidato. Histórico Deputado federal por 11 mandatos, tendo chegado à presidência da Câmara dos Deputados, ministro do Turismo em dois governos e uma das principais lideranças nacionais do MDB, Henrique Alves tem uma das trajetórias mais expressivas na política local. Enquanto estava no auge, o agora ex-ministro teve participação nos principais momentos da política do Estado em pelo menos três décadas.
Observadores da cena política local retratam Henrique como um “monstro político”, que está afastado das disputas eleitorais por “força das circunstâncias”. A maré pode virar, ele aposta, em 2022
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